O metal que alimentará o “sol artificial” da China: um avanço que pode mudar a história da energia
A China acaba de dar um passo decisivo na corrida global pela energia de fusão, considerada o “Santo Graal” da ciência moderna. Cientistas do Instituto de Pesquisa de Metais da Academia Chinesa de Ciências anunciaram a fabricação local de uma liga ultrapura de Hastelloy C276, material base das fitas supercondutoras usadas em reatores do tipo Tokamak. O avanço elimina a dependência de importações e posiciona o país como líder na busca pela energia do futuro.
Um metal capaz de resistir ao calor do Sol
O projeto, liderado pelo professor Rong Lijian, resultou em um sustrato metálico com pureza inédita e resistência extrema. As fitas produzidas têm apenas 0,046 milímetro de espessura e mais de 2.000 metros de comprimento, com uma rugosidade superficial inferior a 20 nanômetros — um nível de precisão que beira a perfeição atômica.
Durante os testes, o material suportou temperaturas de até 900 °C sem perderestabilidade estrutural e apresentou uma resistência à tração de 1.900 MPa, um desempenho superior até mesmo ao de ligas aeroespaciais.
Essas propriedades são fundamentais para os ímãs supercondutores responsáveis por conter o plasma nos reatores Tokamak, como o EAST (Experimental Advanced Superconducting Tokamak), conhecido como o “sol artificial” da China.
O “sol artificial”: energia limpa e sem resíduos
Localizado na cidade de Hefei, o reator EAST busca reproduzir as condições do núcleo solar, onde os núcleos de hidrogênio se fundem sob temperaturas que ultrapassam 100 milhões de graus Celsius. Quando estabilizado, esse processo libera energia de forma contínua, sem emissão de carbono e sem resíduos radioativos de longa duração.
O novo metal desenvolvido em território chinês aumenta a segurança e a eficiência dos sistemas magnéticos, aproximando o país do objetivo de gerar eletricidade por fusão até 2030.
A corrida pela energia do futuro
Enquanto Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e União Europeiacompetem em projetos semelhantes, a China se destaca por sua autossuficiência tecnológica e sua capacidade de produção industrial. O Instituto de Pesquisa já firmou parceria com a East Super Superconducting Technology Co. para fabricar 20 toneladas do novo material, que serão usadas na montagem do reator.
Se o plano for bem-sucedido, a China poderá se tornar o primeiro país do mundo a gerar eletricidade a partir da fusão nuclear controlada, inaugurando uma nova era na história energética da humanidade.
Mais do que um feito científico, o avanço simboliza a ambição de Pequim: dominar a energia que move o universo e, com ela, garantir um futuro onde o poder venha — literalmente — do próprio Sol.
Fonte: Gizmodo.com.br

