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Maior parte das capitais vê alta das classes A e B

26 de maio de 2025

A maior parte das capitais brasileiras testemunhou, no pós-pandemia, aumento do número de habitantes pertencentes às classes A e B, segundo estudo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) do Rio de Janeiro antecipado ao Valor.

O levantamento mapeou a trajetória do número de pessoas por classes de renda A, B, C e D/E, entre 2020 e 2023, nas 27 capitais do país. Desse grupo, 15 tiveram acréscimo no número de pessoas no topo da pirâmide, a classe A. No caso da classe B, a população dessa faixa cresceu em 23 capitais.

Em contrapartida, o crescimento das classes de renda mais baixa se deu em um número menor de capitais. A classe C, o que se chama de classe média, cresceu em 14 capitais. E nas classes D/E, nove capitais mostraram acréscimo de pessoas no mesmo período.

Significa que o restante das unidades da federação experimentou saída de pessoas dessas faixas consideradas como bases da pirâmide.

O estudo indica que, na maior parte das capitais, houve mobilidade social para faixas de renda mais elevadas, diz Osmar Lima, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico da cidade do Rio, também à frente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar). Lima atribuiu o fenômeno à melhora na renda originada do trabalho em todo o país no período, com impacto favorável na receita dos habitantes da maioria das capitais.

A pedido do Valor, o economista Rodolpho Tobler, da Fundação Getulio Vargas (FGV), calculou a variação da renda real habitualmente recebida de todos os trabalhos acumulada no Brasil de dezembro de 2019 a dezembro de 2023, período que abrange o estudo da secretaria. O resultado foi expansão de 2,1% da renda do trabalhador no período. “Após 2023 ficou ainda maior”, disse. “De 2019 a 2024, a renda do trabalho acumulou expansão de 6,5%”, afirmou.

Não há parâmetro oficial para classificar, no país, classes de renda A, B, C e D/E. Cada estudo delimita regras específicas. Na pesquisa da secretaria, são considerados classe A os que possuem rendimentos mensais brutos (salários, aluguéis, transferências, rendimentos de aplicação) de todos os membros do domicílio acima de R$ 25 mil; classe B, de R$ 8 mil a R$ 25 mil; classe C, de R$ 3,5 mil a R$ 8 mil; e classes D/E, até R$ 3,5 mil.

Como base de dados para fazer o mapeamento, a secretaria teve como ponto de partida dados oficiais sobre renda do trabalho no país originados da Pnad Contínua Anual, do IBGE.

Rio e São Paulo foram destaques na saída de pessoas na “base da pirâmide” de renda, nas classes D/E, entre 2020 e 2023. Na capital fluminense, 285,3 mil pessoas deixaram essas faixas de renda no período. Foi a capital que mais diminuiu o contingente de pessoas na faixa de renda mais baixa.

São Paulo foi a segunda capital com maior ritmo de saída de pessoas nas classes de renda mais baixas: com 230,1 mil pessoas deixando as faixas D/E entre 2020 e 2023.

Vitória é capital com maior parcela de população da classe A, enquanto Recife lidera nas classes D/E

Mesmo com a redução, as classes D/E ainda representam mais de um terço do total da população dessas cidades, com parcela de 31,9% no Rio e 34,5% em São Paulo. “No caso do Rio, tivemos aumentos da quantidade de pessoas que estão na classe B ou A”, afirmou Lima.

O secretário disse que, na capital fluminense, ocorreu acréscimo de 91,8 mil pessoas na classe A entre 2020 e 2023. Foi a capital que teve a maior entrada de pessoas na classe de renda mais elevada, completou Marcel Balassiano, subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação da prefeitura do Rio.

Em São Paulo, em contrapartida, houve decréscimo de 48,2 mil pessoas na classe A. Porém, a cidade ganhou 173,7 mil pessoas a mais na classe B entre 2020 e 2023 – só perdeu para o resultado da cidade do Rio, que colocou 344,2 mil pessoas a mais na classe B.

Com isso, 22,3% da população da capital paulista era da classe B, em 2023. Por sua vez, no Rio de Janeiro, 27,7% da população pertencia à essa classe.

São Paulo liderou o acréscimo de pessoas na classe C, com 315,5 mil pessoas a mais. Na cidade, a classe média respondia por 35,6% do contingente populacional em 2023. No caso do Rio, houve decréscimo de 74,7 mil pessoas na classe “C”, que respondia por 32,1% da população naquele ano.

Sobre os resultados da análise, Lima reiterou importância, para o desempenho, da melhora na renda do trabalho nas capitais. O secretário deu como exemplo o Rio, onde o rendimento domiciliar habitual de todos os trabalhos e efetivo de outras fontes (exclusive o rendimento das pessoas cuja condição na unidade domiciliar era pensionista, empregado doméstico ou parente do empregado doméstico) per capita cresceu, em termos reais, 15,6% entre 2020 e 2023: de R$ 2.936 para R$ 3.395.

Esse incremento da renda do trabalho na cidade do Rio ocorreu em contexto de melhora em segmentos importantes na economia local, segundo o secretário, com boas performances em turismo, construção civil e petróleo e gás – sendo que este último conta com patamares de salário elevados, lembrou Lima.

Outro ponto de destaque na pesquisa é o fato de que nem São Paulo nem Rio de Janeiro, unidades mais ricas da federação, lideraram fatia na classe A. Essa posição pertence à Vitória, no Espírito Santo, com 9,5% da população pertencente à classe de renda mais elevada, seguida por Brasília, 8,8% e Rio de Janeiro (8,3%). São Paulo ocupou a sexta posição, com 7,5% da população nessa classe.

Capitais do Norte e Nordeste lideraram as maiores parcelas de população nas classes D/E. Recife liderava essa lista, com fatia de 62,5% da população, seguida por Rio Branco, com parcela de 60,9%; Fortaleza, com 58,4%; e Salvador, com proporção de 57,9% da população na base da pirâmide.

Fonte: Valor.globo

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